Nos últimos anos, o conceito de aprendizado vem mudando radicalmente em todo o mundo. Por iniciativa de grandes corporações multinacionais, como GE, GM, McDonald’s, Xerox e Disney ou nacionais como Brahma e Algar, entre outras, a distância entre o conhecimento e o mercado começou a encurtar, com as criação das chamadas Universidades Corporativas. Só nos Estados Unidos funcionam atualmente mais de duas mil instituições desse tipo.

A filosofia que norteia as Universidades Corporativas é a de que o conhecimento é perecível e que todo processo de aprendizado deve levar em conta sua aplicabilidade ao cotidiano das pessoas. Ao contrário dos programas de treinamento convencionais, a formação oferecida pelas Universidades Corporativas pode ser definida como holística, ou seja, como algo muito mais abrangente e que estimula não apenas o crescimento profissional, mas também o desenvolvimento pessoal. Outra peculiaridade dessas instituições é que elas não se limitam aos empregados de uma organização; tendem a estender sua influência também aos clientes, fornecedores e todos os demais integrantes da cadeia de valor e tem seus objetivos totalmente vinculados às estratégias organizacionais.

Mais recentemente, com a aplicação de ferramentas da tecnologia de informação ao conceito de Universidade Corporativa, surgiu uma síntese revolucionária: a Universidade Corporativa Virtual. Já não há mais limites de tempo nem de espaço para a gestão do conhecimento agora integrada à gestão da aprendizagem. Todo o imenso acervo de informações disponível na Internet pode ser integrado a seus acervos específicos, como sistemas de informações gerenciais, indicadores de desempenho, Biblioteca, centro de documentação, normas e padrões, manual da qualidade, treinamento, data mining e Intranets.

Com a chegada do WBT (Web Based Training) e dos sistemas gerenciadores desses treinamentos, as últimas barreiras para o uso dos computadores na capacitação de pessoas foram superadas. No campo gerencial, a novidade é que os sistemas já permitem o monitoramento e controle do processo de aprendizado, possibilitando a um coordenador de área saber, online, quando, onde, e por quem um determinado curso está sendo feito.

A tendência para os próximos anos é que as instalações físicas das Universidades Corporativas sejam gradativamente substituídas por estruturas virtuais. Estima-se que 50% do treinamento nessas instituições, já neste ano, estejam sendo feitos com o uso de  tecnologias de ensino não presenciais.

Os custos do treinamento à distância via rede informatizada são sensivelmente menores que os do treinamento presencial. Com isso,  a implantação de uma Universidade Corporativa, antes privilégio das grandes corporações, viabiliza-se para empresas de menor porte, que podem se consorciar ou terceirizar o serviço. Pesquisa feita em 120 Universidades Corporativas norte-americanas por Jeanne Meister, a maior autoridade mundial nessa área, mostra que o gasto médio por empregado está em U$ 1.100,00, correspondendo o total a 5% da folha de pagamentos.

A maior vantagem trazida pelo avanço tecnológico, no entanto,  é que as Universidades Corporativas podem cumprir integralmente uma de suas funções primordiais: alinhar os interesses das pessoas com os da organização. Ao permitir, em um sistema WBT, que a matéria que está sendo aprendida seja “linkada” com sites complementares na Internet, ampliam-se os horizontes e aprofunda-se o conhecimento dos aprendizes. O empregado que estiver pesquisando um novo produto ou serviço pode, por exemplo, visitar os sites de concorrentes com produtos similares. Da mesma forma, é possível a inserção de  links  para a Intranet da empresa, onde as normas, padrões, políticas, processos, programas e experiências estão registrados.

Tornando-se virtuais, as Universidades Corporativas ampliam suas possibilidades de responder às questões relacionadas à gestão do conhecimento e da aprendizagem nas organizações, na medida em que aceleram e barateiam os custos do aprendizado organizacional tão sonhado por Peter Senge, autor consagrado de A Quinta Disciplina.

No Brasil, o treinamento corporativo através da Internet pode revolucionar o mercado B2B (Business-to-Business). Estimado atualmente em R$ 1 bilhão anuais, esse mercado deve se expandir a taxas aceleradas nos próximos anos,  acompanhando a necessidade de aprendizado continuo e just-in-time das organizações que lutam para permanecer no mercado na era da globalização.

Paulo Barreira Milet
Consultor em gestão e qualidade, Diretor da Riosoft  e Diretor-Geral do site www.eschola.com

Aproveite e conheça Aranduland – Uma cidade digital, sustentável e gamificada, no link.